15 janeiro 2010

Bon Jovi - These Days (1995)


Depois de um "come-back" recheado de êxito, uma torné sem precedentes que visitou os quatro cantos do globo, um "best of" que consolidou ainda mais o estatuto do grupo nos tops do mundo inteiro, a banda de New Jersey regressou ao estúdio no início de 1995 para gravar o seu sexto album de originais. Gravado em New York, com a produção de Peter Collins, Jon Bon Jovi e Richie Sambora (que pela primeira vez executaram estas tarefas num disco do grupo), este disco confirmou a vertente social despultada no seu predecessor, "Keep the Faith", mas acrescentou às melodias um tom melancólico, triste ou mesmo desesperado por vezes. A mensagem positiva continua, mas desta vez mais subliminar, sendo que todo o ambiente do disco retrata tempos dificeis, em que a luta é constante e as boas notícias escasseiam.





Assim sendo este disco, mais que qualquer outro, funciona como um todo, 14 capítulos de uma história de amor, sofrimento e esperança. "Hey God" dá início ao album com uma energia inigualavel, provavelmente esta é uma das composisões mais hard rock do grupo, constituindo uma carta aberta a Deus. O que podemos fazer perante estes tempos dificeis, quando tudo parece perdido.... Várias situações são descritas que exemplificam a injustiça social e o inferno em que muitas vidas se tornaram. "Something for the Pain" acalma um pouco o ritmo do disco, como que numa prece por algo que possa acalmar a dor.... "This ain't a Love Song" é uma balada rithum & blues magnificamente interpretada que relata o fim de uma relacao ... "These Days" é o grito de esperança no mundo e nas pessoas. "I know Rome is still burning, though the times have changed, but the world keeps turning round and round These Days". O mundo arde em chamas de dor, mas continua a rodar e a esperança não morre.


"Lie to me" é mais um grito desesperado, desta vez por parte de um amante que suplica por amor, mesmo que ja não seja correspondido, pois ha situações em que a presença, mais que as palavras podem salvar uma vida. "Damned" volta á descarga de energia e de raiva, sendo um grito irracional de quem está farto de lutar. "As my guitar lies bleeding in my arms" é o elemento de humildade que constitui o maior medo para quem vive de escrever canções: o acordar sem inspiração. E ao invés de voltar as costas a banda abordou o tema de uma forma tão directa, crua e desesperada que podemos sentir a angustia vivida pelos autores. "(It's hard) Letting you go" é o sentimento de perca de alguem que nos é querido e que nos deixa fisicamente. "Hearts breaking Even" a balada de esperança no amanha e que nos faz renovar as forças.


"Something to believe in" relata o sentido da vida, pois sem este elemento a vida fica num vácuo. Desta forma é realçado este aspecto fundamental. "If that's what it takes" é a força de viver por algo, e morrer pelos nossos sonhos se caso disso for. "Diamond Ring", o conforto de ter alguem e saber que mesmo que mais nada faça sentido temos tudo o que interessa. "All I want is Everything" a resposta à geração X: Quero Tudo, mas não tenho nada; esta dicotomia que se vive a certa altura e que nos leva a pensar que temos de lutar e preservar os nossos sonhos, pois são eles que nos fazem vencer. "Bitter wine" encerra em jeito de fade-out, falando de uma relação antiga que ao longo dos anos se vai desgastando e por fim tem o seu quê de amarga. È o fim de um capítulo, o sentir que algo se encerra e que ao olhar para trás podemos tirar proveito das coisas boas que vivemos.


Este disco foi motivo de 2 digressões Europeias, númerosos prémios, actuações históricas no estadio do Wembley, em paris em que a banda abriu para os seus idolos de sempre: Os Rolling Stones; concertos em partes do mundo em que é raro existirem concertos - Índia e África do Sul; mas mais que todo o êxito foi o encerrar um capítulo, o sarar de uma ferida profunda, que dolorosamente persistia em não querer melhorar. Desta forma a banda expulsou todos os seus demónios e deu ao mundo um pouco do que este tem vindo a dar à Humanidade, mas em forma de uma romantica balada de esperança. Nada mais havia a dizer e, os 5 anos seguintes sem discos foram a prova de que a perfeição ao nível deste tipo de registo fora atingida e que não poderiam mais seguir esta direcção.


Há discos que marcam pela sua alegria, outros pela sua paixão, outros pela sua energia, e há aqueles que reflectem a sociedade em que vivemos, tocando as emoções mais básicas e fazendo-nos perceber o que realmente somos neste mundo. These Days é um desses discos. Sem perder a noção de realidade diz sem preconceitos o que podemos fazer e as armas que temos para o conseguir... Baseando-se na simplicidade alcansa um feito maior: desperta emoções a quem o ouve.