03 dezembro 2009

Espanha 2003: os primeiros concertos

"Nem ainda começou e todo um conjunto de sentimentos contraditórios apoderaram-se de mim, desde o medo à ansiedade, passando pela alegria", tudo isto senti ao sentar-me na estação de comboio onde parei para reflectir uns momentos sobre a viagem que iria começar.
É dificil para mim exprimir o que esta experiência foi, por issso, o melhor mesmo é contar como tudo começou....

Decorria a época natalícia de 1994 e eu era um rapaz de 12 anos que estava a descobrir o mundo da musica pela primeira vez tendo, uma música em particular me despertado a atenção. Ela não parava de tocar na rádio, e como que influênciado por essa melodia pedi como prenda de natal o album que incluia tal composição. O album tinha como título Crossroad e mal podia eu saber o verdadeiro sentido que este título viria a adquirir na minha vida.

A primeira vez que escutei o album senti algo de completamente novo, pois pela primeira vez identifiquei-me com todas as músicas no album incluidas, devido à intensidade, emoção e realismo com que eram interpretadas.
Seis meses mais tarde a banda veio a Portugal para dar um concerto e promover o album que sairia dai a poucos dias, mas devido à minha tenra idade e ao facto de viver demasido longe da capital, não pude ir ao concerto, o que não impediu que tivesse estado o dia todo colado ao radio a ouvir a reportagem que estava a ser feita.

Quatro dias depois adquiri o album que viria a confirmar a minha devução a estes senhores do Rock, um disco que de táo simples e tão suigéneris superava todas as minhas espectaivas. Com letras de tal ordem profundas que me identifiquei desde a primeira vez que as ouvi e com uma intensidade musical que me faziam (e ainda fazem) vibrar até à ponta dos cabelos.
Depois desse disco comecei a adquirir os discos antigos, coleccionar singles e gravações audio e video da banda. No entanto e apesar das digressões posteriores de 1996, 2000 e 2001 Portugal não constou na agenda, por isso em 2003, quando mais uma torne sem passagem por terras nacionais estava anunciada tomei a decisão de partir e ir vê-los algures na Europa. Em Março desse ano foram anunciados 2 concertos na vizinha Espanha e ví então a minha oportunidade de realizar um sonho: ver os Bon Jovi em concerto.


#1 -19-05-03 Lisboa->Madrid->Barcelona
Deixámos a estação pelas 22:00 do dia 18-05-2003 e durante as 17 horas seguintes a tentativa de dormir foi sempre um desafio impossivel de concretizar devido à excitação. Dez horas após a partida chegámos a Madrid onde ficariamos apenas por 30 minutos, depois dos quais já estávamos noutro comboio, desta vez com destino a Barcelona.

Pelas 16:10 chegámos finalmente a Barcelona, onde procuràmos de imediàto o hotel onde ficariamos. Depois de alguns minutos de descanso fomos vizitar as lojas de música da capital da catalunha onde adquirimos várias versões do último single dos Bon Jovi: All about Loving you, daí fomos directos ao pavilhão onde no dia seguinte se realizaria o concerto, procurando cuidadosamente pelas entradas. Nesse nosso percurso tivemos a oportunidade de trocar algumas palavras com um dos condutores dos vários camiões que transportavam o palco e todo o aparato que a banda tinha trazido para estes concertos.
Pouco tempo depois o tempo começou a piorar e em breve a chuva tomou conta da cidade, pelo que regressámos ao hotel ....


#2 20-05-03
Levantàmo-nos pelas 5:30, chegando à porta do recinto às 6:45, onde cerca de 30 fans ja estavam à espera.
Pelas 10:30 as portas principais que davam acesso à entrada do pavilhão foram abertas e a correria começou. Todos queriam ficar o mais à frente possivel na fila seguinte por isso a confusão instaurou-se em menos de nada. No entanto fomos informados de que a entrada dos membros do clube de fans seria noutro siteo pelo que, nos dirigimos lá, onde esperámos durante 9 longas horas pela abertura das portas do recinto.

Enquanto esperávamos pela hora da entrada, fizemos tempo, conversando ou vendo o merchandising que a pouco e pouco foi colocado à venda perto do recinto.
Pelas 19:00 os organizadores do concerto permitiram a nossa entrada, sem no entanto permitirem qualquer tipo de correria. Assim, consegui ficar mesmo na primeira fila do lado direito do palco, mesmo em frente do David e do Hugh, teclista e baixista respectivamente.

Durante as duas horas seguintes ficamos a a conversar até a magia começar:
O concerto começou com a intro já por mim conhecida, visto que já tinha tido a aportunidade de escutar alguns dos concertos da torné norte americana ocorrida 2 meses antes. Todos eles apareceram de diferentes partes do palco, aparecendo o Jon numa porta de um elevador colocada mesmo entre a bateria e os teclados. Tudo estava pronto e assim foi, Bounce deu início ao concerto com uma energia incalculável e logo as 16 mil pessoas que enchiam por completo o pavilhão começaram aos saltos e em unisúno pela banda e público a música foi interpretada.

Seguiram-se 3 clássicos do album de maior sucesso da banda: Slippery When Wet, respéctivamente You Give Love a Bad Name, Wild in the Streets e Livin' On a Prayer, este último levando ao delírio devido à elevada carga emocional que tansporta.
Em seguida um sorridente Jon saudou a audiência dizendo que depois do concerto acústico dado no ano anterior eles tinham mesmo de regressar para um concerto completo e anunciando o ultimo trabalho de originais deu sinal para que o primeiro single: Everyday fosse tocado. Seguiram-se Undivided e Keep the Faith, que em conjunto souberam ainda melhor ao público, uma vez que as duas primeiras reflectem o 11 de setembro, sendo a última um grito de esperança lançado em 92 aquando das manifestações ocorridas nos EUA. Desta forma a mensagem não podia ser mais clara: a esperança nunca morre e mesmo nos tempos difíceis temos de acreditar no amanhã.
Wanted Dead or Alive, o hino da banda seguiu-se com a audiência a cantar sosinha toda a primeira estrofe e primeiro refrão, tal como diz a música: "i've seem a million faces and i've rocked them all", o que mais uma vez se veio a verificar.
Os êxitos não paravam e chegara o momento para mais uma música nova: the Distance, seguida da mais que conhecida It's my Life onde o calor intenso inundou por completo o pavilhão fechado e uma moldura humana de dimesão impressionante saltou até mais não poder.

O êxito do momento, Misunderstood foi tocado logo em seguida, sendo acompanhada pelos coros do público. Someday i'll be saturday night seguiu-se com um verso extra e e um final estonteante.
Nesta parte do concerto todos os músicos deixaram o palco à excepção do David, teclista, que sosinho interpretou um solo magnífico, servido este como introdução à balada Right Side of Wrong que foi interpretada por toda a banda com bastante emotividade. Para mim foi sem dúvida um dos momentos mais altos da noite, pois a intensidade com que a interpretação foi feita conseguiu transmitir a sinseridade das palavras e da simplicidade sempre bela das notas tocadas.

Após este momento, o Jon apresentou Richie Sambora, guitarrista, que interpretou uma versão muito blues do velho clássico dos anos 80 "I'll be there for you". Durante esta torné o Richie tem tido o seu momento no concerto através desta música e na minha opnião trata-se de um bom bónus pois, a canção foi revitalizada e o Richoe tem oportunidade de demonstrar todo o seu carisma não só como guitarrista, mas também como interprete, talento esse muitas vezes ofuscado pela presença forte do Jon.
Em seguida o Jon entrou em palco pedindo ao público para que com ele darem salvas ao Richie, pelo que o público respondeu afirmativamente gritando o seu nome. E neste momento quando o Richie vê toda a gente a gritar o seu nome, não consegue esconder um grande sorriso em direcção ao público, agradecendo através de uma vénia.
Blaze of Glory, o êxito solitário de Jon seguiu-se, muito honestamente era uma música que eu dispensava ouvir pois pertence a um dos albuns a solo de Jon, mas nesse instante em que o Jon e o Richie fazem a introdução da música nas suas guitarras apercebi-me do sorriso cúmplice que ambos trocavam e que só poderia demonstrar a intensa amizade que os une, construida à custa de muitos anos compondo e tocando juntos.

Runaway, o primeiro dos êxitos da banda foi tocado em seguida, o que foi bastante agradável visto que a música, assim como a banda, encontra-se a fazer 20 anos de carreira.
Seguiram-se Born to be my Baby, com um final duplo estonteante, I'll Sleep When i'm Dead, sempre um momento bastante divertido do concerto e Raise your Hands que culmiou o set principal, com uma resposta espetacular por parte do público que sempre que requerido ergueu as mãos e cantou como solicitado pelo frontman de serviço.
Segui-se uma pequena pausa de 2 a 3 minutos, depois da qual foi iniciado o primeiro e único encore dado pela banda.

In These Arms, um sucesso de 93 foi o elemento que faltava para o concerto ganhar ainda mais emotividade (se é que ainda era possivel), esta música alia a força dos riffs à simplicidade das suas palavras e como não poderia deixar de ser, o público sentiu-o e levou ao rubro a interpretação.

Os sempre divetidos Captain Crash & the Beauty QUeen form Mars, acompanhado pela já tradicional coreografia, Bad Medicine e Shout encerraram o concerto com toda a energia possível, uma vez que estas duas ultimas músicas apelam a todas as forças do público para darem o seu máximo.

Finalmente toda a banda se dirigiu à boca do palco e em conjunto agradeceram a um público espantoso e incansável que, durante duas horas e quinze minutos não deu descanso à banda, obrigando esta a dar o seu máximo.
Logo após o concerto as emoções eram muitas e alguns de nós fomos ao hotel onde a banda estava instalada tentar a nossa sorte, no entanto chegámos pouco depois deles e por isso não nos foi possível tomar nenhum contacto.

#3 Barcelona->Madrid 21-05-03
Levantàmo-nos pelas 8:30, e a camiho da estação de comboios de Barcelona conseguimos comprar alguns jornais que reportavam o concerto d noite anterior.
Às 10:30 apanhamos o comboio, chegando a Madrid pelas 17:00.
Depois de largos minutos à espera de um metro que, devido a interrupções na linha, nunca mais chegava e a uma hora de intensa procura pelo hotel, fomos ao hotel da banda onde fomos informados que esta ainda se encoontrava em Barcelona, pelo que, aproveitamos o resto do dia para passear e fazer compras.

O dia chegou ao fim cedo, pois combinámos levantarmo-nos pelas 5:00. Mais um dia chegava ao fim, mas a emoção de saber que mais um dia especial chegaria foi tanta que o sono apareceu ao de leve nas poucas horas de descanso.


#4 22-05-03 The gang's all here
Às 5:20 já estavamos no estádio e verificamos que desta vez havia apenas 10 pessoas á nossa frente, e desta vez fomos logo para a fila correcta, o que nos abria grandes perspectivas para um bom lugar no concerto.
Nas palavras do Jon "It's been a long day and a hot sun" - wembley 25-06-95 - e foi o que sucedeu neste dia. Muitos fans Portugueses chegaram logo pela manha e ajudaram-nos a superar mais esta dificil tarefa que foi aguentar o calor intenso que se fazia sentir num dia escaldante de calor. Pelas 17:00 a fila começou a ser formada, sendo as duas horas seguintes de intenso sofrimento uma vez que estavamos todos em pé, ao sol.

Por volta das 19:00 a banda chegou de limosine, estando o Jon e o Richie lado a lado. Pouco depois fomos encaminhados para a entrada e mais uma vez sem correrias conseguimos quase todos um lugar na primeira fila.
As portas do publico, que não era sócio, abriram-se pouco depois e, alguns dos nossos amigos poderam então entrar e gostaria de realçar a coragem deles, que mais do que ninguem revelaram um espirito de sacrificio e um amor à banda maior que qualquer um de nós, pois o "aperto" foi bastante intenso e só a perseverança de poder ver os seus idolos os fez continuar.
Uma banda local Espanhola fez a primeira parte sem grande relevo, pelo que,pelas 21:00, os nossos idolos subiram ao palco.

A banda entrou em palcou da mesma forma que o tivera feito havia dois dias mas, desta vez um estádio de trinta mil pessoas esperáva-os em apoteóse.
Apesar do alinhamento das músicas ser bastante semelhante ao do concerto de Barcelona, a sensação foi completamente diferente por se tratar de um espáço mais amplo e em que outro tipo de energia, menos intimista e mais "selvagem", percorria o recinto.

Assim Bounce deu início às hostilidades, seguido de you give Love a Bad Name, Wild in the Streets e Livin on a Prayer. Em qualquer uma destas músicas era perceptivel a voz do público que com a banda comungava de uma experiência única que apenas o rock'n'roll pode oferecer.
Logo de seguida a saudação inicial, desta vez na língua nativa, "Buenas Noches Madrid", e anunciando que 7 dias por semana eles estariam sempre ali, Everyday, Undivided e Keep The Faith reforçaram ainda mais o espírito contagiante que se vivia. A música Undivided, tal como em Barcelona, foi precedida de uma pequena introdução que deu mais intensidade à interpretação e desta vez até o Jon deixou o público cantar sosinho alguns dos versos desta faixa sobre o ressurgir do espírito mundial após os atentados de 11 de setembro.

Wanted Dead or Alive foi o meomento que se seguiu no que fez lembrar um filme do far oeste, simplesmente brilhante.
Em The Distance mais que nunca as bandeiras Portuguesas viram-se nas primeiras filas onde cerca de 30 pessoas originárias deste país disseram presente e assinalaram Portugal e o poema ganhou um novo significado, pelo menos para os viajantes destemidos que lá se encontravam.
It's My Life e Misunderstood deram ao público a oportuniadade de participar ainda mais num espétaculo que vivia da comunhão entre a banda e o público. Na realidade a cada música que a banda entoava o público respondia cada vez com mais força e uma energia inesgotável.

Seguiu-se Someday I'll Be Saturday Night e Just Older, onde durante o segundo verso ambos, vocalista e guitarrista, ficaram de ombro em ombro dando sentido às palavras proferidas: "we got secrets that we'll take to the grave, and we stand here shoulder to shoulder".
Chegado ao momento de Richie cantar, Jon fez questáo de o apresentar em espanhol pedindo alguma ajuda para a tradução, que soou mais ou menos como: "me amigo Ricardo vai a cantar una composision I'll Be There for you. .... en espanhol", o que agradou visivelmente ao público presente.
Mais uma vez o público tratou muito bem o Richie correspondendo à parte que toda a banda pára de tocar e se ouve apenas a voz da audiência a cantar.
Blaze of Glory, Born to be my Baby, Sleep When I'm Dead e Raise your Hands mantiveram a temperatura escaldante e os ânimos elevados, encerrando mais uma vez o set principal.

Depois de uma breve pausa seguiu-se a grande surpresa da noite, quando David ao piano tocava as notas iniciais eu só olhava para os meus amigos e gritava, era verdade, a música que representa o album que me fez gostar de Bon Jovi estava a ser interpretada à minha frente, These Days, e a emoção foi enorme pois as músicas deste album são extremamente raras de serem ouvidas dado o seu intimismo.
Este foi sem dúvia o momento maior de toda a minha viagem, ali comungámos de um momento mágico que palavras que o descrevam não fazem qualquer sentido quando comparadas à franquesa e unicidade que o momento teve, foi sem sombra para dúvidas o momento da noite e como o tema diz: "These Days the stars ain't out or reach", e eu tive a oportunidade de modificar o pequeno trecho "don't you know than" NOT "all my heroes died", foi simplesmente brilhante....

Captain Crash & the Beauty Queen from Mars provocou mais um momento de alegria visto ser uma música com uma coreografia muito específica, seguindo-se o êxito dos anos 50 Twist & Shout numa onda muito ROck'&'Roll à la Elvis.
Bad Medicine e o já conhecido Shout, mais uma cover clássica encerraram com uma energia simplesmente contagiante que não deixou ninguém sair sem um sorriso de orelha a orelha.

Promenores técnicos sobre os concertos posso encontrar os problemas com a guitarra do Richie durante o It's my Life em Madrid, que teve de ser substituida, assim como com o Microfone do David durante a interpretação do I'll Be There for You, mas tudo pormenores por completo irrelevantes quando comparados com a esmagadora performence do quarteto de New Jersey.

Durante ambos os concertos tive ainda a oportunidade de ver mais de perto a performence do David e do Hugh, uma vez que em ambos fiquei mesmo à sua frente, e devo dizer que ambos, mas principalmente o David, são uma simpatia, não se cansando de sorrir e fazer sinais de retorno aos fans das filas mais à frente.
Depois de encontros e desencontros conseguimos todos por fim chegar ao hotel onde descansei por fim, a minha missão tinha terminado e por mais pateta que possa parecer eu senti-me um miúdo mais feliz do mundo por ter tido o previlégio de sentir a energia que as emoções podem produzir numa música de quatro minutos.

#5 23-05-03
Acordámos pelas 8:00, estando às 10:00 à porta do hotel da banda onde sorrateiramente conseguimos entrar, no entanto não tive muita sorte ao invés de duas amigas que conseguiram chamar a atenção e recolher uma imagem ao lado do baterista Tico Torres.

O resto do dia foi passado a passear por Madrid, uma vez que o comboio só partia à noite. Assim tivemos tempo de conhecer um encantador jardim, assim como algumas lojas de música.

Mais um promenor que vim a reparar ao longo do dia, foi que tinha perdido por completo a minha voz, sim, a intensidade do concerto fez com que eu desse 101% e esse 1% ficou-me com a voz dos dias seguintes, o que se revelou caricáto uma vez que a minha comunicação com o resto do pessoal se tornou algo complicada, além do que todo o meu corpo se ressentia de dias de pouco descanso e muita enrgia dispendida.
Quando consegui cair no banco do comboio, assim fiquei por algum tempo, pois estava mesmo esgotado, mas a pouco e pouco as energias foram voltando e a viagem foi bastante divertida dado que vinhamos um grande grupo e o sentido de humor reinou até à chegada.

Por fim, o regresso ao mundo de todos os dias, mas no meu peito a certeza de que a aventura vivida dava novo ânimo a um ser que se encontrou e que com esta experiência cresceu mais um pouco no caminho para o seu Eu.

PS: Este relato acompanhado de fotografias pode ser também encontrado em: http://badname.zxq.net/archives/2003/2003BJSpain/

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