12 março 2009

Amesterdão & Bruxelas 2008
Um Fim-de-semana prolongado na Lost Highway Tour

Partilho neste post algumas das memórias de um fim-de-semana de 2008 de muito Rock'n'Roll que vivi entre 12 e 15 de Junho, durante a torné de apresentação do álbum "Lost Highway" em terras Europeias.

E tudo se resumiu a dois momentos: um concerto de hora marcada para início e fim e outro em que regressariam a um país que os não via desde 2003.

Tudo previa que teriamos um aquecimento em Amesterdão e que a acção se iria desenrolar em Bruxelas.
Mas a banda prega-nos algumas partidas e o público também.

À partida à que salientar que ambos os concertos estavam a meia casa, o que não é exactamente um bom sinal.

Mas vamos ao que interessa:

Depois de uma emocionante partida em que os Holandeses derrotaram a França por 4-1, a banda imediatamente tomou o palco e os golos da selecção anfitriã substituiram alguns dos videos que normalmemnte marcam o início do concerto (situação engraçada que supreendeu os póprios músicos que olhavam estupefactos para os ecrans). O público estava ao rubro e quando se viu um JBJ com a camisola nr 1 da Holanda e o nome "Jon" nas costas, foi a loucura. O inicio surpreendeu com "Rockin'all over the World", proporcionando um excelente começo de festa. Logo que o tema terminou o Jon tirou a camisa e começou então o set que já nos habituámos.

A primeira surpresa surgiu no meddley do Sleep quando o Hugh começou o riff de baixo de um clássico que os BJ já não tocavam há bastante tempo: "Gimme some loving" demonstrou a energia que a banda estava a sentir. E de uma comunhão tão grande entre fans e banda surgiu o segundo momento da noite: o Dave a cantar os primeiros versos de um "In These Arms" a que todos nos habituámos.

O público puxava pela banda e a banda não se deixava intimidar e respondia desta vez com o Jon a segredar ao Richie algo que poucos segundos mais tarde ficariamos todos a saber que era a resposta ao banner que idealizei e que com uma mestria de profissional a Andreia realizou. Sim depois de mostrar durante algum tempo o banner em que se podia ler "Diamond Ring (desenho de um anel)", este surtiu o seu efeito. O próprio Jon introduziu a música dizendo que se era a primeira vez que estavam num concerto da banda deveriam aprender que eles realmente respondem a pedidos do público e o que se iria passar em seguida foi rodeado de um piscar de olho para a zona onde estávamos. E que versão... tocaram a música completa e com um sentimento que a gravação do youtube, que por certo já viram, não consegue transmitir. E que tal um Always logo de seguida? Não podia ser mais perfeito a música pedida tocada por completo e como introdução à power ballad que melhor define a geração de 90 que acompanha a banda. Sublime interpretação com o solo final a coroar mais um momento da noite.

Bons momentos continuaram com a festa dos Holandeses e os festivos "Capt Crash" e "Just Older". Mas eis que chega então mais um momento que define o concerto: !Saturday Night!. Até agora apesar das boas prestações não tinhamos tido a oportunidade de testemunhar o poder do Jon de adicionar letras a uma música. Desta vez fomos presenciados com essa benção e que poder teve esta música que deixou todos boqueabertos. Foram momentos inesqueciveis aqueles em que ouvimos um JBJ a gritar "I'm alive" e a provar porque esta banda está viva, recomenda-se e faz sonhar tanta gente. E se festa queriam os presentes, foi o que tiveram com "We gotta Goin on" e "It's my Life", um combo que arrasa os mais cepticos.

Em seguida, mais um momento da noite: "Keep the Faith". A música que é tocada repetidamente na Europa teve uma paixão que nos provam a cada grito porque continuamos a seguir a banda. Houve espaço para o "Sympathy for the Devil" e para Jungle screams, mas quer os add libs como os solos foram interpretados com tanta espontaneadade e emoção que pensámos todos que estavamos perante Deuses que nos abençoam com a sua presença. Extraordinário.

Depois de tanta energia foi tempo de recuperar as forças com a balada que o Richie já nos habituou e com a magnifica interpretação da música principal do filme Young Guns II.

"Blood on Blood" não tendo lugar no pódio da noite é sempre muito acarinhada pelos fans e é sempre um momento de comunhão entre a banda e os die-hards.

O fim do main set anunciava-se com as já tradicionais HAND(com os belíssimos efeitos visuais nos ecrans gigantes), "Who Says you can't go home" com os cachecois de Portugal em grande destaque nos ecrans gigantes (dado que estávamos mesmo em frente à câmara que filma o público) e o épico "Livin on a Prayer". E aqui ficou provado que estes fans só têm rival mesmo no fantástico público Português, pois apesar do estádio se encontrar a meia casa, foi a loucura. Não sei as raízes que partilham o povo luso e holandês, mas sei da enorme semelhança a nível do entusiasmo e entrega em concertos.

Para o encore todos esperávamos um "Wanted" e um "Medicine" já que a hora do curfew aproximava-se vertiginosamente, mas se acertamos na primeira (que concluiu um concerto que não podia ser extendido e que só por isso não teve mais encores), a segunda ficou pela primeira vez de fora de um concerto da banda desde que foi gravada em 1988.

Falta assim referir o que para todos os die-hards constituiu o momento da noite e por certo um momento histórico e que será para sempre lembrado como um dos momentos mais altos da carreira da banda. É um momento que define o que é uma banda a sério, que repeita os fans e deixa tudo o que tem para dar em palco. Com os fans da primeira fila a segurarem a letra, foi ver um Jon a dizer: "I'll try.." e a trocar palavras com o Richie do que seriam possivelmente os acordes de uma música interpretada pala banda 1 única vez ao longo de 20 anos (altura em que foi composta). E assim ouvimos uma improvisação de um "Stick to your Guns" que teve direito aos primeiros versos, refrão, segundos versos, refrão novamente e quando chegava a altura do solo foi ouvir o dueto de compositores Jon e Richie a repetirem a linha "It's oly if you have to" inúmeras vezes até chegar o momento de unirem as guitarras e soltarem um sorriso para os fans. Surreal é a única palavra que me ocorre para descrever este momento sublime....

A banda despediu-se do que foi um seus melhores concertos, provavelmente não apenas desta torné, mas da sua já longa carreira.....


E sem tempo para descansar no dia seguinte testemunhámos o que para muitos foi um grande concerto. Analisádo o set-list não há qualquer dúvidas, as estreias nesta torné Europeia de "One Wild Night", "Story of my Life", "Dry County" e "Last Man Standing" acompanhadas de um genial "Livin in Sin" enchem as medidas de qualquer fan mais exigente. Se a isto juntarmos o facto de que inovaram o set list básico ao remover o "Whole lot of Leavin" e o "We gotta goin on" (no primeiro caso não se notou a falta, ao contrário do segundo que é já um momento alto dos concertos deste ano) e adicionaram um "Any other Day" que se apresenta possivelmente como a melhor versão ao vivo das faixas do último disco de originais, não temos dúvidas em afirmar da qualidade do concerto.

Mas, ironia das ironias, tive a prova de que um excelente set list não faz um concerto excelente. As razões são várias e começam logo num público "morto" que pouco respondia aos apelos da banda. O frio que se fez sentir talvez tenha inibido os presentes e a banda notou isso. Em segundo lugar foram vários os problemas tecnicos que se repetiram durante o concerto (parece que é destino dos concertos em terras belgas, já que em 2003 o concerto foi marcado por uma falha de electricidade). A tudo isto juntou-se uma banda que cometeu gafes que irritaram o "maestro" que se fartou de com cara de poucos amigos avisar os colegas. Até a versão do épico "Dry County" teve inúmeras falhas com um JBJ a ler a letra que se encontrava no chão do palco do principio ao fim. E a limitar-se a orquestrar uma banda que nitidamente não está rodada com este tema. A apreensão do vocalista foi disfarçada sempre que encarava a audiência, sendo perfeitamente plausivél afirmar que houve momentos intensos como a interpretação electrizante de um "One Wild Night" com direito a introdução e várias danças do lead singer. Olhando o setlist foi possivel perceber que se enganaram no alinhamento já que "Livin in Sin" deveria ter aparecido logo no main set, e que por isso deixaram de fora um "Make a Memory" que já há muito que não se ouve. No entanto há a salientar que os temas Blaze e Blood foram trazidos para o set list, já que faziam parte apenas dos audibles.

Resumindo e concluindo, um concerto que começou com muita garra, foi perdendo a força e ao sabor do frio e da pouca participação, viu os Bon Jovi debitarem êxitos e a surpreenderam com um set list de sonho, mas que não teve público à altura. A banda foi sempre profissional mas por certo este não figurará na lista dos seus concertos predilectos.


E assim chegou ao fim um extended weekend em que pude acompanhar a banda que todos idolatramos. Uma semana curta de trabalho esperava-me até que pudesse voltar a essa "estrada perdida" para a última e derradeira etapa desta torné.

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