20 julho 2008

Europa, 2008
Os primeiros 10 concertos

Há 13 anos um rapazinho estava colado ao rádio a ouvir os seus ídolos actuarem a 200 Kms de distância. Os seus sonhos eram incertos mas começava uma paixão que o levaria a sítios que jamais pensaria visitar. Há apenas alguns dias cumpriu o sonho de ver os seus heróis em solo da sua pátria. A cantarem hinos de gerações, a desfilarem marcos nas vidas de tanta gente, a esforçarem-se como se ainda nem tivessem um acordo discográfico para cativar um público que no final aplaude e se rende perante tanta entrega. Em Portugal no dia 31 de Maio de 2008, assim foi .

Foi também especial pois provavelmente tive a pior posição num concerto "general admission" de sempre - aprox. 10ª fila - o lugar que provavelmente teria ocupado 13 anos antes se pudesse ter assistido ao seu 3º concerto em terras Lusas. Mas a emoção, essa superou tudo o que vivi até hoje. O alinhamento foi um greatest hist, como esperado, mas mais que isso, consistiu nas músicas que melhor estavam ensaiadas. Não houve nenhuma que não tivesse sido tocada repetidamente durante os últimos 26 anos. E porquê? Porque este era o concerto em que os presentes tinham de ser conquistados, os ouvintes da rádio tinham de sentir pena de não estarem lá, os que assistiam na TV deveriam também eles perceber porque os Bon Jovi são uma força da natureza capaz de arrebatar qualquer público. E assim foi...

Não houve espaço para raridades, haveria tempo para elas noutros palcos, neste apenas o melhor dos seus melhores. E era ver todos a saltar ao som de um Born to be my Baby, a cantarem em coro o refrão do You Give Love a Bad Name, a dançarem ao som de um Sleep When I'm Dead que incluiu pedaços de um lendário Start me Up ou de um muito actual Mercy, provando que esta banda tem conhecimento dos clássicos e que continua atenta às novas tendências do mercado. Raise your Hands foi um hino à participação de todos e com Runaway provaram que não esquecem as suas raízes.

E assim chegamos ao primeiro momento de extase da noite, quando os presentes já rendidos não resistiam aos apelos do lead singer, este atreveu-se a dizer: "I think you know this one", e foi ouvir como em mais nenhum lado do mundo uma multidão a gritar a balada suprema que foi um dos maiores êxitos dos anos 90. Interpretada sem qualquer mácula, com um solo adicional brilhante e um refrão final quase a capela. Aí senti pela primeira vez como aquela 10ª fila estava a dar os seus frutos, já que horas antes deixámos um presente à banda na qual se incluía uma nota onde entre outras coisas se podia ler: "If you want the audience to go crazy play Always". Sei que pode não ter sido factor determinante, mas estou certo que ajudou a que este tema fizesse parte do alinhamento. E a razão pela qual escolhemos esta e não outra música foi simples: sabiamos que havia uma hipotese real deste tema ficar de fora tal como ficou em tantos outros concertos pelo mundo fora, e mais do que qualquer outra raridade ou música pessoalmente favorita, sabiamos que este era o tema que teria mais impacto sobre a audiência e pelos vistos não nos enganámos.

O festival continuou com os momentos intensos que In These Arms e Blaze of Glory proporcionaram, mas depois veio o que seria o 2º êxtase do concerto: uma descida do palco para cumprimentar os fans que se aglumeraram junto ao corredor que ligava o palco à mesa de som. E foram bandeiras, cachecóis, tudo serviu para que o Jon exibisse a sua ligação ao nosso país. E como poderia levar o público ainda mais ao rubro? Até a música que estava a ser tocada parecia ser perfeita para tal entrega: "We gotta goin on", um tema explosivo que exige uma grtande participação do público.

Seguiram-se mais êxitos, sempre com uma participação estrondosa do público, e até o guitarrista Richie Samboa teve tempo de exibir os seus dotes vocais e talento na guitarra numa interpretação já bastante rodada da balada I'll be There for you que foi igualmente acarinhada pelo público. Ao show bizz juntaram-se igualmente momentos espontaneos como a de uma fan a correr pelo palco, tentando chegar ao Jon e que foi impedida pelos seguranças. No fim do main set chegou o maior êxito de sempre que não deixou ninguém indiferente: Livin on a Prayer, provavelmente ícone da cultura pop que já é um clássico indiscutível no mundo da música.

Com o encore veio o 3ª e último momento de extase (pessoalmente para mim e para a Anabela o momento maior da noite) um Jon Bon Jovi que vestiu a camisola da selecção das quinas e que nos fez sentir parte deste grande evento. É como se nos reconhecesse e nos desse de volta todo o esforço e dedicação que a esta banda dedicamos. E mais do que tudo, foi dar a este público maravilhoso uma razão para voltarem e sentirem que esta banda dá 100% tudo o que tem para conquistar a audiência. Foi assim ao som de um Saturday Night e de um Wanted que a banda se despediu, já sem mais tempo para tocar, mas com o tempo suficiente para agradecer o que foi aclamado por todos como uma grande noite de Rock and Roll. Para mim o 30º concerto da banda, 1º no meu país e com emoções fortes e à flor da pele.


Dias antes tinham menos energia, mas nem por isso menos vontade de supreender, em Gelsenkirchen quando integragram um Always a pedido dos fans presentes e improvisaram um We Will Rock you como introdução de uma das minhas favoritas do último album de originais: Summertime (e tão bem que sabe ouvir ao vivo num estádio este tema). Blood on Blood foi o terceiro grande momento deste primeiro concerto, e também o tema que encerraria mais um lendário concerto em Munique. Nesta cidade a sul da Alemanha é já tradição que os Bon Jovi brindem o estádio Olímpico com actuações fantásticas. E assim foi depois de um dia escaldante de calor, era sentir a chuva forte a cair e um Jon que brincava e encantava enquanto pela primeira vez interpretava um dos temas que marcará a torné: Mercy e o seus "yeah yeah yeahs". Ou até o céu se revoltasse quando Hey God foi interpretado com tamanha raiva e paixão. Era constatar que de cada vez que o concerto atingia um momento especial a chuva caía com ainda mais intensidade e sem qualquer medo a banda a enfrentasse e levasse os presentes a um estado de loucura colectiva que apenas alguns são capazes de criar. I Love this Town provou o carinho da banda pela cidade, apenas com a gafe de passarem o video vencedor de Gelsenkirchen - que incluia imagens do rival do Bayern de Munchen, Shalke 04. Twist and Shout foi outro dos momentos expontaneos da noite e já depois de todos os agradecimentos feitos, foi então o tema da fraternidade, blood on blood que encerrou um dos concertos que marca a torné Europeia dos rapazes de New Jersey.


A pouco dias do concerto em Portugal, um concerto curto, mas com inúmeras surpresas aconteceu em Leipzig: um These Days pela primeira vez interpretado pelo Jon nesta torné (mas ainda com um solo não de guitarra mas de violino), Wild in the Streets, Last Man Standing e Die for you destacaram-se. Já em Hamburgo foi a vez de mais um concerto brilhante: I Got the Girl num meddley com American Girl, Joey, Glory Days na juke box do Sleep, Livin in Sin ou um HALLELUJAH celestial, sem contar com mais uma brilhante interpretação de Hey God, Sat Night ou Die for you. A banda parecia estar on fire e todos pensámos que no dia seguinte em Stutgart seria apenas para picar o ponto. Enganámo-nos e bem, pois assistimos ao melhor concerto da torné no que diz respeito a set list e a comunhão fans banda: depois de um Bounce e de uma versão tocada na integra de Rockin all over the World foi ver o Jon a segredar a todos os músicos a surpresa da noite: Drift Away, cover que era stample em 86/87 mas que não era interpretada desde 1996. Ou o que dizer de um combo Livin in Sin, Wild is the Wind que deixou a todos sem folego? E pela segunda vez na torné, não resistiram e depois da despedida voltaram para um Any other Day que é sem dúvida um dos melhores temas do último registo discográfico e que serve na perfeição para aprersentar os músicos da banda. Mas falar de Stutgart é falar de um Jon Bon Jovi que durante o Livin on a Prayer fez aquilo que já não fazia desde 2000 e que já era impossivel na cabeça de todos: descer do palco e cumprimentar pessoalmente o centro da primeira fila. Inacreditável? Eu proprio não acreditaria se mo contassem, mas assim foi no dia 29 de Maio de 2008.


E depois do já comentado brilhante regresso depois de 13 anos a Portugal, foi ver muitos fans que viajaram até Barcelona a partir de muitos pontos da Europa assistirem a um concerto extremamente profissional em que se destacaram um Bed of Roses original, introduzido por uma interpretação acústica do Elvisiano I can't Help Falling in Love with you. Além dos greatest Hits da Bela Vista, foram adicionados temas para os fans como Hey God ou o sempre popular Capt Crash. Mas apesar de terem tocado mais tempo aqui do que em Portugal, por se tratar de um concerto em nome próprio e não de festival, notou-se que não houve a espontaneadade, o delírio e a magia que aconteceram na noite anterior.

Frankfurt foi o destino seguinte e se Stutgart foi brilhante, que dizer do aufiderzin dos Bon Jovi ao público alemão? Lay your hands on me com uma introdução old school, Summertime mais uma vez com um We will Rock you na introdução ou Any other Day no início do encore (posição ideal para esta faixa já que começa bastante calma e vai ganhando força à medida que se aproxima do explosivo e solista final) foram alguns dos pontos altos. Mas pessoalmente este concerto teve um sabor especial. Uma fan Alemã que se encontrava atrás de mim disse-me antes do concerto começar que queria pedir o Miracle. Eu disse-lhe que seria impossível mas que deveria pedir o Blood Money já que a banda tinha interpretado a música nos States. Assim sugeri-lhe a frase "Blood Money would be a Miracle" que ela brilhantemente esculpiu num banner - em vez da palavra money desenhou uma nota de dollar, que deu um efeito espetacular ao banner. E foi ouvir o Jon de olhos fechados a interpretar o tema pedido por completo e no final ainda lançou um sorriso á minha amiga que logo se virou para mim e me disse "give me 5"... Esta história já de si seria boa, mas o que dizer quando depois de ter mostrado algumas vezes o meu banner que simplesmente dizia "Damned" ouvi um JBJ a cantar a capela um Because the night belongs to the lovers... Era o prenuncio de um momento tão pessoal que não saberei descrever: Era um Damned que me foi dedicado com um siorriso e com uma expressão de quem diz "Estás a ver, nós conseguimos tocar a música". Foi celestial a performence.. não sou eu, mas 50 mil outros que o comprovaram. Sem esquecer claro ver a nossa compatriota aos saltos no palco, enquanto o Jon olhava para ela, lhe estendia a mão de longe e lhe esboçava um sorriso - sim Sara foi para tí;). Os momentos da noite foram comprovados pelo set list já que nenhum dos requests se incluia nem sequer nos audibles. Para terminar este foi também o concerto em que foi tocado o Thee Days original com solo integral de guitarra e em que 2 músicas deste album se fizeram ouvir. Mais não poderiamos pedir....

Na recta final desta aventura foram os terrenos relvados de locais no meio do nada quer na Austria, quer em Dublin, que acolheram os últimos concertos. Na Aústria depois de um sol radioso foi apanhar com 15 minutos de uma tempestade de chuva grossa que me ensopou da cabeça aos pés. Quanto ao concerto destacaram-se Garadgeland, Complicated e I got the girl num concerto não muito longo mas que contou com mais uma preciosa rendição de Any other Day, sem o esplendor de outros palcos. Já em Dublin vimos um muito comunicativo Jon a falar pelos cotovelos com os presentes. Se surpresas não houvberam, não faltou conserteza espontaneadade com uma fan a agarrar-se ao Jon e não o largar. Nem os dois seguranças a conseguiam fazer largar o vocalista, que apenas o conseguiu quando calmamente olhou-a nos olhos e lhe deu um beijo de tirar a respiração. Só aí foi possível leva-la. O mesmo Jon não deixou de comentar dizendo que a trouxessem de volta e que conhecia as "crazy son of the b*******" das Irlandesas, pois era casado com uma. Mas nem só de coisas boas foi marcado este concerto na cidade preferida do Jon. A sua hay fever como referiu fe-lo tossir na maior parte do tempo que esteve em palco e quando se ausentava por certo que tomava algo para conseguir resistir. Teve até de usar um cachecol durante a maior parte do tempo para travar o frio que se fazia sentir. O melhor momento da noite foi mesmo o encore com um HALLELUJAH e um Always em claro esforço. Tal como em Barcelona levaram Bad Medicine para o fim do encore, mas ao invés do que aconteceu na capital da Catalunha, não conseguiram deixar o palco ao som da brilhate e sempre surpreendente interpretação da faixa que ficará para sempre associada à frase introdutória: "Is there a doctor in the house?". Foi vê-los falar de costas para o público a combinar o que tocar em seguida. Rockin all Over the World numa versão integral serviu para o apogeu de These Days na melhor intepretação do tema título do 6ª album de originais e que fechou com chave de ouro um dos concertos principais em terras do velho continente.

Muitos temas stamples haveriam a destacar, de um Born to be my Baby poderoso, a um Sleep que tem mais força do que em qualquer torné passada, um Blaze original com uma foça que hà muito não se via, ou um In These Arms em que o Jon vai aos lados do palco e que leva a todos à loucura - e que inclusivamente foi parcialmente cantado pelo Dave em Munich e Hamburgo (com um Jon sentado no chão à chinês a contemplar o seu "irmão"). Ou um It's my Life que atinge a cada noite um status cada vez maior. Quem sabe não será lembrado como outro Livin on a Prayer? Keep the Faith com Sympathy for the Devil, gritos selvagem sobre a jungle que está lá fora ou "apenas" com dois solos impressionantes presentiados pelo King of Swing que viaja de uma lado ao outro do palco revelando o seu talento a todos os que ainda podessem ter dúvidas sobre as suas capacidades. Ao Faith juntam-se Have A nice Day e Bad Medicine nos temas em que o cenário mais se eviencia e proporciona aos presentes uma experiência deslumbrante. E que dizer aos já famosos "It's Alright" de um Who Says you can't go home que já assumiu papel de hit mesmo aqui na Europa, onde o Country não é moda. As 3 faixas regulares do Lost Highway demonstram que é um disco que é demasiado intimista para os grandes palcos, mas que ainda assim possui momentos muito bons. Do whole lot of leaving salva-se a linha "....Do we got it anymore?" sempre com um coro de saudações como resposta. Lost Highway, o tema de abertura não é por certo o melhor para o efeito, mas a bridge permite uma expressão dramática, enquanto que We gotta goin on encaixa como uma luva no espetáculo. Outros temas já interpretados: Summertime, Any Other Day e I Love this Town têm sempre uma boa reação revelando-se coerentes. Last Night é um mid-tempo que não consegue sobressair num ambiente de estádio e de tanta festa. Por fim Make a Memory foi lentamente sendo substituida no set list por baladas de maior êxito e que encaixam melhor num ambiente de estádio como são Bed of Roses ou Always. A introdução ao concerto encontra-se muito bem feita, quer a nível sonoro como a nível de vídeo com a antecipação a ser levada ao rubro até à entrada dos músicos. Estes estão a 100% (no Richie então nota-se uma diferença brutal para a última torné). Ah e têm sempre que possível reagido ao nome Portugal quando vêm entre o público, quer através de sorrisos, saudações ou acenos.

"I've seen a million faces and I've rocked them all" é o moto para o tema que normalmente faz encerrar as luzes e leva toda a banda à boca do palco para agradecer mais um estonteante concerto. Muitos milhões se irão seguir se continuarem com esta entrega, dedicação e a fazer sonhar mais miúdos que crescem para se tornarem homens que perseguem os seus sonhos e os concretizam.....

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