07 dezembro 2009

O2, Londres, 2007 - Apresentação do álbum Lost Highway

Os Bon Jovi tiveram a oportunidade de no dia 24 de Junho de 2007 inaugurar a arena O2 em Londres. Este foi um concerto diferente em que assisti de uma perspectiva nova, pois estávamos mesmo no topo do recinto, num local onde até tinhamos vertigens ao olhar para baixo, inclusivamente acima mesmo dos holofotes que iluminavam o palco. Definitivamente, e depois de tantos concertos nas primeiras filas, é no mínimo estranho lidar com esta posição. Mas a experiência revelou-se enriquecedoura quando depois de uma banda de abertura que não aqueceu nem arrefeceu, subiram ao palco aqueles por quem 20 000 pessoas tinham comprado bilhete num intervalo de apenas 1 minuto.

E a distância não impediu o frio na barriga, a imediata energia que se gerou, o levantar das cadeiras, a partilha entre todos os presentes de um sentimento que transcende o gosto pela música, e que apenas pode ser descrito como a vivência comum de letras que dizem mais do que as palavras, são experiências de vida que de uma ou outra forma todos tinhamos vivido. O Livin on a Prayer é daquelas músicas que já foi tocada em todas as partes do concerto, início, meio do main set, a encerrar o main set, a finalizar um encore, ou no fim do concerto. Pessoalmente gosto no início já que a introdução da música assenta a 100% ao começo da festa, com os amplificadores a darem um som crescente à ocasião. O jon foi filmado desde o camarim até entrar em palco, o que fez lembrar tornés passadas.

E o que dizer ao fim de dois clássicos? Foi impossível olhar para os ecrãs gigantes, apesar de apenas através deles conseguir ver as expressões dos músicos. Aqueles personagens, e em especial o Jon e o Richie, enchem todo o palco, parece que irradiam uma luz que apenas os heróis se podem gabar. São carismas, presenças, vivacidade, não há palavras para descrever a energia que aqueles dois ícones do Rock libertam. Aos êxitos de sempre como Born to
be my baby - em que imensos fans rodearam o Jon - , it's my life ou o velhinho runaway, juntaram-se os novos temas. E se o lost highway ou whole lot of leaving ainda não pegaram em definitivo por serem recentes, o make a memory revelou-se um momento mágico em que a solenidade da letra era de chegar às lágrimas; o We Gotta Goin On conquistou todos desde que o Jon se virou para o Richie e disse: "let that talk box talk".... Muito dificilmente sairá do set list em minha opinião.

O I Love this town dá a oportunidade para agradecer à cidade pelos momentos grandiosos do passado e revela a banda na sua atitude mais descontraída. É caso para dizer os Bon Jovi estão à solta e à vontade num tema em que não falta um solo brilhante ou uma
participação activa do público, é uma mistura de love for sale, sleep when i'm dead e who says you can't go home em pouco mais de 5 minutos. Estupenda!

Ao êxito country do ano passado juntou-se o Sleep, Medicine e Shout e "os níveis de adrenalina subiram a níveis perigosos para os mais fracos de coração". Todos os músicos tiveram direito a uma apresentação especial, e um dos momentos da noite deu-se quando uma fã em palco recusou um cumprimento do Jon, preferindo em seu lugar uma saudação do teclista de serviço. A reacção do vocalista esteve á altura pois, depois de se sentar, disse para a fã avançar e cumprimentar o seu ídolo. A todo o profissionalismo juntaram-se assim momentos de espontaneadade, que apenas grandes nomes têm o carisma de proporcionar.

O Any other day foi recebido com entusiasmo e deu mais uma oportunidade ao Sr Sambora para brilhar num solo final que arrebatou todos. O Sat Night e o Last Night continuaram o clima de celebração e entusiamo, enquanto que a extraordinária performance do Hallelujah foi um dos momentos da noite. Mais uma vez os Bon Jovi provaram que não são "apenas" excelentes compositores, mas tambem talentosos músicos que conseguem pegar numa música de outro artista e vestir-lhe uma roupagem BonJoviana. Já são muitas e famosas as covers que a banda tem, e mais uma vez conseguem alcançar um nível de emoção na interpretação que chega a arrepiar. Ao vivo ainda mais do que no programa Stripped, nota-se que o Jon trabalhou muito bem o tema de forma a encaixar a sua voz de uma forma que soa muito natural. Definitivamente daqueles momentos em que conseguem que toda a gente numa grande arena se sinta num pequeno bar, dada a intimidade da actuação.

E quando todos pensavamos que o concerto tinha chegado ao fim depois de uma interpretação estupenda do clássico Wanted Dead or Alive - mais uma vez o Richie a sobressair, e com um gesto sempre bonito do Jon quando disse: "Welcome back my brother" -, voltaram à carga para 10 minutos de um Keep the Faith que transborda ritmo, alegria e adrenalina. É impossivel ficar quieto com músicas destas, e quando a interpretação tem o nivél que sabemos as duas horas de concerto só podem saber a pouco.

Em relação ao sitio onde presenceei o concerto, deu para confirmar aquela velha máxima que um dia alguem disse: o Jon consegue que toda a gente num estádio - neste caso Arena - fique com a sensação que ele olha e canta apenas para nós. E isso é fabuloso, já que eu tinha partes do concerto em que queria mostrar o cachecol de Portugal, o que era ridículo, dado que a distância tornava impossível de ser visto, mas o Jon consegue fazer sentir isso mesmo: uma intimidade e proximidade na relação artista público, dificilmente igualavel. É só uma confirmação já que quem teve nas
primeiras filas sabe bem que ele gere muito bem o contacto com a audiência quer através de eye contact, sorrisos, expressões, etc. Definitivamente um Performer de se tirar o chapéu.

Ficou a promessa de um regresso no próximo ano, num local com a capacidade apropriada para a banda. A pergunta que fica no ar é mesmo se depois de acabado, o Wembley estará preparado para receber tanta adrenalina e energia juntas?

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