03 dezembro 2009

Europa, 2006
"I've seen a million faces, and I've Rocked them all......"

A aventura começou em Dusseldorf, acompahado por dois amigos. Foi um arranque estonteante em que podémos assistir à primeira interpretação em 10 anos do fenomenal Dry County. Outros destaques do Set list, por não serem músicas muito tocadas: joey, bells of freedom e i'd die for you.

Quanto a Linz, foi um pouco mais curto e com bastantes semelhanças com o concerto de dusseldorf, pelo menos no que diz respeito ao main set - dado que apenas trocaram o sympathy for the devil - no meio do Faith - pelo Shout - no meio do Medicine. No encore pudemos ouvir um excelente These Days e um energético older. A atmosfera deste concerto foi diferente já que foi o primeiro concerto ao ar livre. Notou-se nitidamente uma melhoria na disposicao do Richie, já que este a partir deste concerto começou a sorrir bastantes mais vezes.

Em koblenz realizou-se o 3º round. Nesta pequena cidade cheia de monumentos, os BJ deram o único concerto que não se encontrava esgotado até então, surpreendendo com uma versão totalmente cantada pelo jon do Wanted, assim como um Bouce electrizante, misunderstood a pedir muitos coros e um I wanna be loved que ao vivo soa bastante bem.

Dias mais tarde, em Dublin, mais um concerto cheio de emoções, em que o runaway foi introduzido com a historia do Time Machine, ao passo que o Garageland foi algo de completamente inesperado. O jon estava on fire, sempre muito comunicativo e no story of my life referiu vários países que se encontravam representados, com Portugal à cabeça. Sim ele estava a olhar, perdão, a sorrir mesmo para nos. Depois de o ter feito em Dusseldorf, foi a 2ª vez na torné que houve uma referência directa ao nosso pais, e em apenas 4 concertos.

Muita energia e uma vista espantosa de 80 mil pessoas fizeram deste concerto um momento mágico. O Bobby Bandiera acenou à comitiva Portuguesa e ao que parece vai ser um amigo de Portugal já que nos surpreendeu ao dizer "obrigado".

Em suma, a banda está no seu melhor com o Jon com uma voz bastante afinada, super comunicativo e sorridente ao máximo. O palco é exuberante e os músicos encontram-se em topo de forma.

Três dias por casa para recuperar o folgo e regressei à estrada. Ao contrário da 1ª etapa, em que realizei 4 concertos em 8 dias, desta vez teria 6 concertos em 10 dias, agrupados em grupos de 2 dias seguidos. Apesar do cansaço que a primeira leg me trouxe não pude descansar muito, e dia 23 parti para mais esta aventura.

Primeira paragem em Kassel, uma pequena cidadezinha no coração da alemanha, literalmente perdida no fim do mundo. Só para terem uma ideia a viagem de comboio demorou 5 horas e tive de mudar 2 vezes de comboio, apenas para realizar 200 kms.

No dia seguinte tive de percorrer mais 20 kms para chegar a um descampado em que a erva e a lama reinavam e os fans que esperavam na fila tentavam-se aconchegar nos carros que tinham levado. O frio tambem nos fez companhia nesse dia e com a fila a aumentar a cada hora chegou finalmente a hora do concerto.. Sobre este penas digo que foi mais curto que o habitual, mas bastante intenso. Com surpresas como o Raise your hands a abrir, o These Days no main set, o Garageland que apareeu pela 2ª vez e o Wild in the Streets que se extreou na Europa em 2006. Apesar do imenso frio e da lama que banhava todo o recinto a banda tratou-nos muito bem.

Após o concerto fui de boleia de carro até Nijmegen, a cerca de 300 kms a norte, já em terras da Holanda. Chegámos passava das 4 da madrugada, quando chovia intensamente e já cerca de 50 fans se encontravam na fila para o concerto. O dia passou rápido e num Parque imenso que me fez lembrar o concerto de Hyde Park, Londres em 2003, com mais de 60 mil pessoas para celebrar a música dos nossos rapazes. Foi um concerto memorável. Estrearam o Bed of Roses (versão acústica This Left Feels Right, TLFR), o I'll be There for u (também TLFR), o Welcome to Whatever you are e o Complicated para minha grande satisfação. O Sat. Night teve um interlude comovente com um discurso de 5 minutos em que o Jon se deixou levar pela emoção e gritou em plenos pulmoes "I'm Alive"... Sem palavras.

Depois de um dia de viagem para sul em direcção a Estugarda, tivemos oportunidade e assistir a um concerto bastante bom. Como o comboio passava mesmo ao lado do recinto era engraçado ver o Jon a dizer adeus aos passageiros. O momento alto em que todos os corações se derreteram deu-se quando depois de toda a banda se despedir o Jon e o Richie sozinhos voltaram com as suas guitarras acústicas e a pedido de fans que tinham banners a pedir a musica, entoaram o hino dos adolescentes, a música dos bailes de finalistas, a balada que tantos corações tocou: never say goodbye. Fenomenal......

Em direcção a Munique de carro já em pleno dia 28, podemos assistir de uma outra perspectiva ao espetaculo dos de New Jersey, já que fomos contemplados com a possibilidade de ir ao palco durante 3 músicas.

A vista era impressionante quer de trás do Pit, podendo ver todos os efeitos visuais que o palco possui, quer no palco, onde assistimos às interpretações das músicas In these Arms, Have a Nice Day e Who Says you can't Go Home, com o Jon e o Richie a irem cumprimentar as minhas compatriotas. O Tico e o Jeff reconheceram-me de outros concertos e o Richie também fez-me sinal. Foi extraordinário ver 75 mil pessoas a cantarem e a delirarem com a nossa banda em plena acção.

Mais tarde tentámos a nossa sorte e conseguimos de novo ir ao palco, desta vez durante o Bad Medicine, Raise Hands e Livin' on a Prayer. Sem palavras, o jon foi de novo cumprimentar-nos e desta vez olhou bem nos nossos olhos. Que mais podiamos querer? O chão tremia dos saltos que todos dávamos e a atmosfera não podia ser mais vibrante quando descemos.

Para o encore estavam resservadas os melhores momentos da noite: a surpresa da torné: dry county, um Keep The Faith durante o qual passaram imagens do jogo dos Philladelphia Soul, equipa da liga de salão de Futebol Americano de que o Jon é dono. Durante esta música o jon inclusivamente mandou a maracas para o ar e se esqueceu de cantar o 2º verso (momento hilariante), culminando o concerto com um final apoteótico ao som da melhor versão que alguma vez ouvi do hino These Days, prolongado para que todos os músicos fossem apresentados num tom de fade out para que o publico se apercebesse de que o fim tinha chegado.

Seguimos em direcção a Insbruck e ao frio dos Alpes. Para quem não sabe, esta pequena cidade fica num vale rodeado por grandes montanhas, e foi neste concerto que a neve nos pregou uma partida. O highlight do show foi mesmo o discurso do Jon durante o Story Of my Life: "Let's imagine it's summer time... girls with their bikini tops.... ice creams.... that's what New Jersey feels like this time of year" as palavras não são exactas mas foi extraordinário apercebermo-nos da intensidade com que o vocalista vive os concertos. Aliás o vocalista riu-se bastante para nós principalmente quando leu um banner muito a propósito que tinhamos feito a dizer: "Portugal: Sunny, 95º F! You don't wanna miss it next time" - 95 F corresponde a 35º C - e não foi o único, quer o Bobby quer o Hugh de certeza que desejaram vir até ao nosso solarento Portugal quando sorriram depois de o lerem também.

Apesar de um inicio bastante energético deste concerto, o mau tempo fez com que a banda não abrandasse o ritmo, não tocando mesmo a balada i'll be there for you, e acabasse o concerto com grande pressa. O próprio jon nem andou pelas catwalks e mal se dirigiu ás laterais do palco.

Mal o concerto acabou seguimos de carro sob a neve de uns Alpes que nos fizeram dizer Adeus à Austria e nos receberam já em terras Suiças. Em Berna as forças já eram poucas e foi depois de uma entrada 5 horas antes do concerto começar, que nos despedimos da banda por terras da europa continental. Desta vez fiquei na segunda fila entre o jon e o Bobby, com a banda a protagonizar um espetaculo bastante bom, sem grandes surpresas no entanto. Os momentos altos foram mesmo o Complicated e a emocionante performance do I'll be There for you. Não sei se era pela posição previligiáda que ocupava, mas pareceu-me a melhor interpretação do Sr Sambora deste clássico dos broken hearted. Com o Keep the Faith despediram-se e finalmente todo o cansaço veio ao de cima e as horas de sono que podemos usufruir no dia seguinte foram poucas para resuperar.

Depois de uma viagem com uma belissima paisagem de montanhas, lagos e pequenas aldeias numa Suiça perdida no tempo, chegámos a Geneve onde o avião nos esperava e 3 horas depois estávamos de regresso ao calor e ao Sol que tão bem caracterizam este nosso Pais.

"I've seen a milllion faces and rocked 'em all", nunca o tema Wanted fez tanto sentido. Depois de viajar noites seguidas de carro, comboio ou avião, esperar infindaveis horas para finalmente disfrutar cada uma daquelas 2 horas e meia de concerto. Foi sem duvida uma experiencia alucinante, em que nem sequer faltou uma mudança constante de clima, já que vimos sol, chuva, frio, neve e calor. Tudo nos aconteceu. Estes foram os dias em que não sabiamos se era domingo ou 4ª feira, se o mês estava no inicio ou a meio, se estávamos na Alemanha, Suica, Holanda ou Austria, já que o Alemão e o Holandes são línguas tão estranhas para nós. Um dia de cada vez, e noite apos noite algo mais forte que fazia-nos seguir em frente e percorrer os kms que faltavam até a cidade seguinte. Quer sozinho ou acompanhado, no meio de cidades perdidas no tempo ou em metropeles cosmopolitas, de norte a sul, ocidente a oriente, no cimo das montanhas ou na planicie. Na lama ou no alcatrão, num estádio ou no meio da cidade, "we don't know where they're going... we all know where they've been".
Estávams todos a seguir o sonho dos nossos "Last men standing"...

Uma semana de descanso e o UK serviu de anfitrião para a derradeira leg desta torné. Southampton foi um concerto que apanhei um escaldão, sim é verdade, em Inglaterra apanhei um escaldão. Pela primeira vez dormi à porta do estádio e consegui ter a minha melhor posicao: 1ª fila entre o Jon e o Richie.

Desta vez pude ouvir pela 1ª vez o Rockin' all over the world, e Jumpin' Jack Flash, este último no meio de um Sleep when I'm Dead muito divertido. O Dave cantou um verso do In These Arms e o Jon agradeceu muito e disse para nos prepararmos para as duas noites seguintes.

Depois do concerto, bem foi um stress tremendo, perdi-me na cidade a tentar encontrar o caminho para a estação de comboios, e só com uma estrelinha muito grande apanhei o comboio. A minha sorte não se ficou por aí, pois em londres o comboio para Milton Keynes partiu pelas 02:00, ao contrário da 01:30 marcada - diga-se que eu cheguei à estação pela 01:38. Pelas 4:30 já me encontrava em Keynes para encontrar a reforçada comitiva Lusa.

Depois de no dia 10 correr até Londres e voltar a MK para ir levantar o bilhetes do dia seguinte, e de uma enorme confusão na fila do concerto, fiquei numa 4/5 fila entre o Jon e o Hugh, para assistir à primeira de duas noites memoráveis. O inicio deu o mote e com raridades como The Boys are back in Town, I feel Good, Papa was a Rolling Stone, ou o inesperado Livin in Sin a emoção tomou conta de mais de 70 mil
pessoas. Mais do que as músicas, as interpretações foram fenomenais. Os gritos histéricos, aquele coro de vozes a cantar o Prayer, uma magia pura tomou conta do recinto. A interpretação do Sat Night foi brilhante com o coração do vocalista a dizer toda a verdade que a música transporta.

Depois de uma noite mal dormida e de muita confusão com a fila, o segundo espetáculo surpreendeu-nos por ter um Rockin in the Free World, Wild in the Streets, Always TLFR, Everyday, Bounce, These Days e, a favorita dos fans, Blood on Blood. O Faith teve como na 1ª noite em Dusseldorf uns gritos selvagens e um Simpathy for the Devil arrancado a ferros, já que o Hughey não se percebeu quando o Jon lhe fez sinal. E mais que tudo isto a interacção da comitva Portuguesa que estava na 2ª e 3ª fila, com o Jon a sorrir inumeras vezes para os diversos banners que tinhamos. Inclusivamente a fazer um OK com o dedo quando estendi o banner a dizer "I Believe", apesar de não chegarem a tocar a musica com esse título.

Dizendo adeus a maior parte dos Portugueses, partimos um grupo mais pequeno para o derradeiro concerto, no fim do mundo que dá pelo nome de Hull. E não há muito para dizer, excepto que o Jon estava de muito mau humor, que o concerto foi a dispachar e que todos ficaram irritadissimos com esse facto. Para mim e apesar de nao ter ficado contente, confesso que a musica Who says you cant go home deste concerto foi para mim um dos highlights desta torne. Como já referi, a letra ganhava um novo significado e sem me conseguir controlar foram as lagrimas escorridas pelo meu rosto, a voz solucante e o tremer do coração que me acompanharam durante esta canção.

"Been there done that,
i aint looking back,
it's been a long long road,
seems like i never left,
and so the story goes.

It doesn't matter where you are,
it doesn't matter where you go,
if it's a million miles away,
or just a mile up the road,
take it in,
take it with you when you go...."


E assim foi durante 1 mês. E agora era tempo de regressar a casa, apesar de sentir que aquele ambiente, aquela banda, aquela magia já se tornaram para mim uma lar também.

De volta a londres tive tempo de ver um Jon a andar sozinho na rua e a assenar-me com um sorriso. Apesar de não lhe ter dirigido a palavra é recomfortante saber que o nosso heroi sabe que existimos, quem somos, e nos presenteia com um gesto de simpatia.
Mais tarde os simpaticos Tico e Jeff também passaram por nós, com o 1º a assinar os nossos cds. Minutos depois, um Jon carrancudo deixou o hotel na companhia de varias pessoas nas quais se encontravam o Dave e o Hugh, tendo o Dave assinado a minha cópia do seu disco a solo "On a full moon". Depois disso só deu tempo de jantar, correr para o aeroporto, e finalmente descansar.

Hoje, ao escrever estas linhas, é dia 15 de Junho de 2006, 5ª feira, exactamente 11 anos sobre o concerto de Lisboa, que foi numa 5ª feira igualmente, e durante o qual um rapazinho de 12 anos estava colado ao radio a ouvir religiosamente a emissão da Antena 3, em que pedaços do concerto eram transmitidos. Esse rapazinho estava a descobrir a música, mas já tinha bem fincado no coração a banda que para sempre o consolou, o acompanhou, o fez crescer em emoções e em caracter. Esse rapazinho encontra-se hoje aqui, acabado de realizar o sonho de acompanhar a sua banda por terras do velho continente, e com a consciencia de que apesar desta demanda ter chegado ao fim, a aventura está apenas no início, pois o fogo que esta banda
transporta ilumina não só o caminho desse rapaz que se fez homem, mas de todos os que acreditam nos sonhos, os quais esta banda não se cansa de cantar.

Tal como o Jon diz:
"I don't say goodbye, I say goodnight my friends".....

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