11 março 2009

Sayreville, 2009
"The story of my life", JBJ

Cheguei à pouco de uma viagem para a qual não tinha muitas expectativas, mas que se revelou surpreendente.

Foram 10 dias num misto de férias culturais, roadtrip e visita à capital do planeta Terra: NYC, com um cheirinho a Bon Jovi.

Passando ao que interessa, 2 dias a visitar o Estado de New Jersey e alguns dos sítios que marcaram o início da vida não só da banda mas como de alguns dos seus membros. Paragens obrigatórias em:

- Woodbridge, na antiga casa dos pais do Richie onde as músicas do Slippery foram compostas;

- Sayreville, casa da infância do Jon; escola secundária; estúdios onde foram gravadas as demos do Slippery - Century Studios - que infelizmente estavam fechados; Angelo's Pizza (antigo Enzo's) Pizzaria onde foi recrutado o famoso "pizza parlor jury" em 86 e 88 e que seleccionou os temas que iriam fazer parte dos dois álbuns;

- Roadside Diner onde foi gravado o vídeo do "Sat Night" e foram tiradas as fotos promocionais do "Crossroad";

- Red Bank com o seu mítico "Count Basie Theater", Pizzaria "Umberto" onde o Jon customava ir e "Jack's Music store" em que podemos encontrar uma guitarra autografada por todos os elementos da banda com dedicatória especial.

- O bar Elements em Sea Bright, do Mat onde se realizou uma festa de antecipação ao concerto de dia 23 - com muitos fans e música Bon Jovi a passar com umas misturas muito bem feitas pelo DJ - até chegámos a ouvir a bridge e refrão do Prayer apenas com a voz do Jon - arrepiante, mesmo sabendo que se tratava de uma gravação da voz do vocalista e da magia que um DJ consegue fazer;

- Starland Ballroom, local onde o Jon tocou em miúdo, a Dot trabalhou, foi filmado o video do "Only Lonely" e pelo que o Jon disse o próprio Richie foi dono.

E foi neste último local que podemos assistir a um concerto exclusivo para membros do clube de fans. As minhas expectativas eram muito baixas, pelo que contava com apenas com 1 hora acústica e talvez algumas histórias. Mas a organização do evento e principalmente o Jon conseguiram transformar o que poderia ser apenas um concerto para preencher um ano em que não haveria muitas aparições da banda, em algo único e que provavelmente não se irá repetir...

Assim sendo o Jon juntou os "Big Dogs" que o acompanharam em 97, à excepção do Hugh que foi substituído no baixo, e da secção de sopro que foi adicionada para este evento. Neste concerto podemos acompanhar a história da lenda Jon Bon Jovi, desde os seus dias de bares em que tocava covers com as suas primeiras bandas, entre as quais músicas dos seus heróis Southside Jonnhy & the Asbury Jukes, passando por interpretações das demos que foram gravadas nas horas mortas dos Power Studios em New York e produzidas pelo primo Tony, incursões pelos dois álbuns a solo e claro alguns dos clássicos e músicas pessoalmente favoritas da carreira dos Bon Jovi.

A viagem começou ao som da bateria a dar o ritmo para a entrada em cena do Sr John Francis Bongiovi Jr. que nos deu as boas vindas ao som de "So You Want to Be A Rock and Roll Star". Era o sonho de um miúdo que via o Mundo a partir de New Jersey e se encantava com lendas do seu estado natal. "This Time Its For Real" cover do herói Southside Jonnhy foi o passo seguinte numa noite que surpreendia desde o início. Às primeiras palavras de boas vindas.ele comentou "Muitas vezes falei-vos na máquina do tempo, bem este vai ser um concerto especial em que vou vos levar comigo". Ouvimos uma versão do primeiro hit que mais parecia tirada a papel químico da gravação e das primeiras interpretações da banda.

Seguiram-se duas músicas da box set "I get a Rush" e "Garageland" que o Jon apresentou como tento muito significado em termos da banda e do que representava na sua vida. "Lost Highway" o tema título do último registo de originais marcou presença com um cheirinho da torné de 2008. Depois, ouvimos músicas que ninguém poderia imaginar que fossem desenterradas do baú, temas que o Jon escrevera com pouco mais de 16 anos e cujo som datado do fim dos anos 70, início dos anos 80, deram origem ao comentário: "That was fun..... once". As músicas foram "Head over Heels", com o seu ritmo muito particular e "Don't leave me tonight" numa letra dedicada à ainda hoje Mrs Bongiovi. Verdadeiras pérolas que no contexto de 2009 não fazem sentido, mas que em 1978 foram os primeiros exercícios práticos de um artista em bruto que ainda estava a descobrir como ter sucesso.

Depois foi tempo para ouvir 3 músicas da aventura do Jon em Londres que se transformou em disco em 97. Ouvimos um hit Europeu, um single fracassado com um significado pessoal e talvez umas das letras mais sinceras que alguma vez o Jon escreveu. Arrepiante a interpretação de "Every word was a piece of my heart".

A banda sempre muito profissional sem cometer qualquer erro e com muito ritmo. Não era o Richie, nem o Tico, ou o David, mas era ver um Kenny Arnoff na bateria com um estilo diferente com menos emoção e mais acelerado, que não conseguia estar parado; o baixista John Conti que dava o ritmo e não falhava uma nota; o percursionista Everett Bradley que dançava com os seus brinquedos e enriquecia cada música com sons muito particulares; um Jeff Kazee nas teclas que vibrava ao mesmo tempo que oferecia toda a magia dos Jukes à banda; a secção de sopro que sempre que solicitada enchia o ambiente com uma atmosfera de New Jersey tão característica das músicas da E-Street band e dos Jukes. E claro, o braço direito do Jon fora da sua banda: Bobby Bandiera, nas palavras do Jon um herói que enchia o Stone Pony tocando covers enquanto os "Wild Ones" tocavam originais para meia dúzia de pessoas (entre as quais familiares) no "Fast Lane" que ficava situado do outro lado da rua em Asbury Park.

Dois temas dos Jukes foram então interpretados, o clássico "Broke Down Piece of Man" em dueto entre o Jon e o Bobby, e um tema que nem mesmo os próprios Jukes já interpretam "All I Want Is Everything". Temas com muito ritmo e divertidos que deliciaram mesmo aqueles que os ouviam pela primeira vez. "Whole Lot of Lonely" (como apresentado ou simplesmente "Lonely" como listado na track list das edições Inglesa e Japonesa do álbum "Lost Highway"), um outtake do último álbum de originais que nas palavras do Jon não foi incluída pelo facto do título ser facilmente confundida com outra música, além de musicalmente ser demasiado semelhante ao primeiro single do álbum. No entanto não deixou de dizer que esta música deveria ser interpretada por alguém como Chris Isac para potenciar ainda mais o tema. Um momento muito íntimo com as luzes baixas e um ambiente característico de um bar que não levava mais de 3000 pessoas.

A máquina do tempo retorcedeu então a 1990 e pudemos ouvir 3 músicas da banda sonora do filme "Young Guns 2", sendo 2 delas estreias absolutas em concerto - o "never say die" apenas tinha sido interpretada num programa de rádio. Devo confessar que quer o "Never Say Die" quer o "Bang a Drum" foram momentos mágicos provando que as grandes canções são intemporais, não precisando de ser singles para poderem ser tocadas 19 anos depois com uma frescura e energia contagiantes. A primeira que é um crescendo de alegria, ritmo e esperança com espaço para a guitarra solo e bateria brilharem, enquanto que a segunda transportou uma emoção que tranmitiu toda a fé e esperança que o compositor depositou ao escreve-la. Um misto de Rock e Soul Brilhante. O ritmo de "Billy get your Guns" deu o mote para a atmosfera de festa que se sentia e que tão bem foi seguido com versões de dois clássicos da banda nomeada com o nome artistico do cantor: "Someday I'll be Saturday Night" e "Wanted Dead or Alive", a segunda sem o explendor do
"King of Swing" mas com a paixão do mentor por detrás de toda a máquina Bon Jovi. O tema Country do último registo de originais "I Love this Town" fechou o espetáculo com muita energia, mãos no ar e um Jon Bon Jovi com sorriso de orelha a orelha que prestava homenagem à cidade em que cresceu como pessoa e como músico, em que desistiu dos estudos, agarrou na guitarra e perseguiu um sonho, arrastou com ele muitos e fundou uma família que contagiou uma legião de fans que ainda hoje, 25 anos depois do primeiro álbum, partilha o sonho e acredita que vale a pena lutar.

Mas a noite ainda não tinha acabado e tivemos direito a um encore de 3 músicas: "Just Older" com referência obvia ao aniversário que se aproximava, "When you get to my age you don't celebrate anymore ... Once I was young and pretty". Seguiu-se um tema que não estava previsto no set list "Prayer'94" com toda a inspiração da interpretação íntima em tons graves e com uma guitarra electrica que dava côr aos restantes sons acústicos que mantinham o ritmo. Melancólica e íntima, numa palavra Perfeita para o ambiente tão caseiro em que nos encontrávamos. Antes de se despedir o Jon ainda teve tempo para dar notícias dos seus colegas, o Tico que se encontra a fumar charutos na Flórida, o David que tem o seu segundo músical "The Toxic Avenger" a estrear na Broadway em NYC já este mês, depois do sucesso de "Memphis" em Seatle, e claro, o Richie que está em contacto permanente com o Jon e que depois de os dois terem sido escurraçados de Nashville já têm 20 temas de para um novo álbum com muitos Riffs Rock. "What else can I say... ask me anything... where are you from?".. "I came all the way from Portugal just for this" foi o que a Lena respondeu ao Jon quando este lhe estendeu o microfone.... Que mais podemos querer:)

"Who says you can't o home" o tema do estado desde 2006 encerrou uma noite mágica em que o Jon nos presenteou com a história da sua vida. As suas inspirações, os seus primeiros temas, os sucessos da banda, os projectos pessoais em que se arriscou sozinho e com mais ou menos sucesso colheu sempre os respectivos dividendos. Foram também as músicas mais pessoais e predilectas do cantor e compositor que encheram o ar com o ego de um homem que tem garantido o seu nome na história do Rock'n'Roll. Ele próprio nos anunciou que para o ano serão elegiveis para o verdadeiro "Rock'n'Roll Hall of Fame" e se esse momento chegar nada nem ninguém poderá apagar o que tantos espalhados pelo mundo já não têm dúvidas.

No dia seguinte houve um segundo concerto com o mesmo alinhamento apenas para utilizadores e colaboradores da "Master Card" a que com muita dificuldade e sorte à mistura conseguimos ter acesso a bilhetes. Foi um reviver da noite anterior com algumas mensagens especiais entre as quais a dedicação do tema "Don't leave me tonight" "for my lovely wife" que se encontrava presente. Para mim o momento mágico foi durante o "Just Older" quando o Jon olhando para mim repetiu depois de lêr nos meus lábios "breathing that Jersey air".

Foram momentos mágicos passados num bar de Sayreville em que havia pessoal sentado a comer nas mesas situadas a um nível um pouco superior, ou no bar a beber cerveja enquanto a maior parte do público enchia todo o espaço em frente do palco para aplaudir num ambiente simples e acolhedor um momento único de retrospectiva na vida deste ícone.

Enfim, muito poderia acrescentar e podem ver muito do que se passou no já habitual youtube de onde tirei os videos de alguns dos momentos referidos, mas o essencial aqui ficou....


for all the believers out there....
... see ya out on the road

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